domingo, 3 de outubro de 2010

ENEH 2010 (Parte III): Os Últimos Dias e o Início de Tudo

Chegamos à última parte.... Finalmente, devo dizer: escrever estes relatos doem muito e mal posso esperar pra terminar. De sexta pra domingo, os últimos dias foram os únicos que posso dizer, efetivamente, que aproveitei como pude.


Sexta, então, fomos à "Prainha", uma praia de gente rica, cheia de casarões de famosos e gringos e uma praia linda sem nada, apenas areia. Quando chegamos, logo entramos no mar, lá para, o que?!, 10 da manhã?! Não me lembro, sei que chegamos de manhã, eu entrei no mar com a galera, e saí de lá eram quase duas da tarde! Não fiquei nadando, fiquei apenas ali, mergulhado até os ombros nas águas relativamente calmas e pensando em absolutamente tudo! Quando saí, combinei com Luanzito e Thiaguin, do meu curso, de comer um peixe e ficar de boa, vendo sessão da tarde (um filme horroroso sobre futebol e crianças e um xerife que os treina...) no barzinho que estávamos -que era um senhor barzinho, com duas piscinas, televisão e etc. Mal conversei com as pessoas, tava mais a minha mesmo, querendo ir embora.

Mas tem porém neste dia: comecei a passar mal! RÁ!!! Piriri-gangorra começou a se manifestar no meu intestino.... Porra, em toda a área da barriga! Nesta altura do campeonato, a última coisa que eu realmente me importava era com isso! Não tinha água na faculdade, o banho era frio e rápido e, logicamente, todo o banheiro era um nojo -aliás, tive um sonho com isso hoje, e o banheiro era uma estação de tratamento de esgoto... meio exagerado, mas quase lá- e, claro, todas as minhas fobias sobre se aliviar em público se foram, sumiram completamente já pelo segundo dia!

Voltamos e eu estava, quase que desesperadamente, querendo que voltássemos já naquela noite! O mais rápido, melhor! Mas não seria justo com nosso motô, então decidimos voltar sábado de manhã! E foi festa naquela sexta... Mas não participei... Quando cheguei da praia, tomei meu banho e fui comer, e depois fiquei no pátio da faculdade, onde rolava o encerramento do ENEH, no mesmo lugar na inauguração, sentado num banquinho, e depois subi pro dormitório. Era a última chance de quem quisesse trepar, fumar, beber e dançar, então estava todo mundo nas suas respectivas festas! Algumas delegações já haviam saído, então estava relativamente vazio. Só saí do meu cantinho, perto da minha "cama", quando meus amigos vieram me chamar pra passear, e fiquei com o pessoal da Bahia/Pernambuco, ao lado duma fogueira, cantando Raul Seixas, Ventania e outras breguices mágicas. Acabou que os seguranças da faculdade apagaram a fogueira, a animação foi sumindo -pelo menos, a minha- e eu fui deitar.

E acordei!! Acordei quando senti que tava todo mundo se movimentando na sala! Fui precavido: já tinha montado todas as minhas tralhas, enrolado o saco-de-dormir -que, aliás, usei de travesseiro, já que chão e saco-de-dormir dá na mesma- e foi só levantar, lavar a cara e segurar um lugar na janela do busão! E esperei partir...


Não lembro que horas eram quando partiram, só sei que o pirirí-gangorra foi crescendo dentro de mim. Enquanto isso, a festa e zona do busão pareciam irreconhecíveis: tava TODO MUNDO MORTO! Tinha só uns bebendo raimundón lá trás, todo mundo da frente morto e eu administrando ali o currido! Em algum momento da viagem, alguém teve a idéia de fazer um beck gigante com maconha de todos do busão... Bom, eu não tinha maconha, não mais: em alguma das praias que fui, eu joguei tudo fora: acho que antes da Prainha, peguei tudo o que eu tinha, coloquei num saco de papel e joguei no mar... Mas o beck ficou grandinho, eles fecharam todas as janelas do busão pra ficar o fumacê! E minha paranóia começou a crescer, e juntou com o problema lá de baixo! Me esforcei pra dormir então, e achei graça: deu pra amenizar o problema "administrativo inferior"...

Mas infelizmente acordei quando estávamos perto da parada, mas quem disse que o problema ali dava pra esperar?! Tive que ir ao banheiro do busão, que dizia, ESPECIFICAMENTE, só xixi!! E NÃO DEU TEMPO!! SORTE foi que, quando estava lá dentro, o busão parou e todo mundo desceu e ninguém viu -literalmente (pelo bom uso do literalmente)- a CAGADA que fiz ali!! Saí do banheiro do busão, peguei uma manta pra esconder a merda e desci correndo pra pedir pro moto abrir a carga pra eu pegar roupas limpas. Ainda envolto na manta, fui pro banheiro do lugar -nojento, como sempre, mas, hey, é parada de caminhão- e PORRA, deu outro surto! Mas aí, eu mandei tudo se fuder! Já tava cagado mesmo, então fodas... Tomei meu tempo, terminei o serviço o máximo que pude e... descobri que a cueca limpa havia caído no vaso.... Bom... Karma é foda, mas nunca, JAMAIS, falha... E fiquei pensando que merecia aquilo.... "-MULA!... ¬¬"



Saí, pedi umas sacolas pra tia da lojinha de souvenires, coloquei a roupa cagada lá e voltei BEM NA HORA do busão sair... “Fudel”, pensei... "Eu ainda tô cagado, porra!! Quero tomar banho, porra!!!" Mas, enfim, reclamar não ia me ajudar, então só agradeci por ter me lavado um pouco com água da pia do banheiro e papel higiênico e relaxei –não muito, se não eu me fudia mais ainda, mas cês entenderam-, tentei aproveitar o resto da viagem... Pediram pra eu colocar o mp3 e começou a tocar Jimi Hendrix e Bob Marley, e relaxei no banco e de fato curti a viagem; não havia mais nada que eu pudesse fazer e até ri quando pensei “É... O que é um peido pra quem já tá todo cagado?!”


Na próxima parada que fizemos, consegui tomar banho e vestir roupas limpas, e tudo ficou bem. Colocaram um filme de zumbis-vampiros-comedores-de-gente (Um Drink No Inferno, 1996) na televisão e eu viajei... Fiquei o tempo todo na minha poltrona minúscula, ora ouvindo música, ora com a cabeça pra fora do busão pra não escutar/sentir nada.

Acordei com mal-estar, mas não passando mal: a gente estava perto de BH agora e parecia que quanto mais perto chegávamos, mais longe eu estava de tudo que eu sentia falta... Meu coração apertou e nunca mais desapertou; cheguei em BH com o sentimento do mundo fora de mim, apenas os meus, mas continuava com minhas mãos. Estava determinado a mudar e voltar a ser um cara legal, agora que conseguia me ver, e estava determinado a corrigir toda a merda que fiz quando achava que me via. Confesso que não pensei que seria tão insuportavelmente doloroso e difícil, mas não vou desistir, eu acredito que as coisas vão melhorar e acredito que o futuro pode ser gostoso como ano passado e retrasado foram. Não vou desistir de mostrar as coisas maravilhosas que consigo ver no caminho da frente, no caminho que consegui voltar e que posso seguir. Mas não quero fazer este caminho sozinho...


PS: há uma legenda nos textos que dizem respeito às cores que coloquei. Não foi à tóa: procurei dar um tom do sentimento que eu sentia na hora do relato em questão. A legenda é:

-Verde: Coisas boas/sentimento bom/tudo aquilo relacionado com coisas boas ou que me fizeram sentir melhor;


-Vermelho: coisas ruins/desespero/coisas que não gostei/ligado à escuridão;

-Amarelo e derivados: Que me davam más lembranças/pirirí-gangorra/bosta;


-Roxo: certeza/tudo ligado ao que não está confuso;

-Cinza: sentimento de morte;

PPS: Ignorem a "postagem do Klaus", ele tava me ajudando a consertar o texto.

3 comentários:

Klaus~! disse...

Maluco! Texto totalmente excelente!
E, aliás, puta história Oo' Mais fodástica que essa, só nossa futura prainha!


Lobão matando a curiosidade dos encontros universitários e tirando do tabu o famoso BIOTÔNICO FONTORA!!!
HAHahhAHhahAHHahHAHah!!!

Nyo disse...

Terceira Parte épica !
Um grande final pra uma história de mudança interior.

De fato... não quero mais ir nos encontros universitários da vida.
HAuhauhauhauhauhauhauHAuHAU

BABN disse...

"eguei uma manta pra esconder a merda e desci correndo pra pedir pro moto abrir a carga pra eu pegar roupas limpas. Ainda envolto na manta, fui pro banheiro do lugar -nojento, como sempre, mas, hey, é parada de caminhão- e PORRA, deu outro surto! Mas aí, eu mandei tudo se fuder! Já tava cagado mesmo, então fodas... Tomei meu tempo, terminei o serviço o máximo que pude e... descobri que a cueca limpa havia caído no vaso.... Bom... Karma é foda, mas nunca, JAMAIS, falha... E fiquei pensando que merecia aquilo.... "-MULA!... ¬¬"


Saí, pedi umas sacolas pra tia da lojinha de souvenires, coloquei a roupa cagada lá e voltei BEM NA HORA do busão sair... “Fudel”, pensei... "Eu ainda tô cagado, porra!! Quero tomar banho, porra!!!" Mas, enfim, reclamar não ia me ajudar, então só agradeci por ter me lavado um pouco com água da pia do banheiro e papel higiênico e relaxei –não muito"

**** Que nooojo... Mindfucked!

Maaaaaaas... mesmo tendo sido nojento... O final foi interessante. Que saga vc viveu hein...