Dia dos namorados, tudo muito bonito, muito feliz. Todos cheios de "eu te amo" pra cá, "você é o amor da minha vida" pra lá... e isso vem me tirando o sono há algum tempo. O Português-BR (idioma), apesar de idioma riquíssimo, é pobre na definição do que é o amor. Não apenas nosso idioma, o inglês é ainda mais pobre, mas não vem ao caso. Alguém aí pode me definir o que é o amor? Procurei respostas d'entre nossos amiguinhos, os Gregos, e eles me trouxeram certa luz filosófica, a qual compartilho com vocês.Inicialmente, haviam três palavrinhas para descrever todo esse sentimento: EROS, PHILIA e ÁGAPE. Posteriormente, foram criados outros "estilos" de se amar, conhecidos por LUDUS, PRAGMA e MANIA. Discorramos sobre cada um deles!
O amor-EROS representa a parte consciente do amor, não maduro, porém nascido. Está intimamente ligado à sensualidade, à atração física e ao ato sexual. Possessivo, egoísta, é aquilo o qual se sente naquele encontro de olhares, aquela vontade de ter a pessoa naquele momento, naquele dia. EROS, que remete a erótico, é o amor que a sacerdotisa celebrava no templo em êxtase sexual
e que, hoje, celebramos em boates e bailes funk. Era, portanto, homenageado por uma mulher que se prostituía em honra aos Deuses (
o sacrifício de seu corpo, ao invés de sangue, deixava de ser ato sexual para transformar-se em ato religioso).
Do outro lado do muro, há o amor-Ágape. Geralmente relacionado ao sacrifício

de Jesus Cristo, esse tipo de amor é o
amor da entrega, voluntarioso, sagrado, imaculado. É o amor que sai de si em benefício do outro. É algo tão puro que permite ao amante (entende-se por
amante "quem ama", ok?!) libertar do relacionamento a quem ama, acreditando que o amado pode ser feliz com outra pessoa. Dedicado,
é capaz de abrir mão de seus próprios interesses para satisfação do amado. Investe constantemente na relação, mesmo sem ser correspondido.
Sua maior felicidade é ver a alegria de quem ama. Em resumo, é visto como uma forma incondicional de amar e, por isso, faz-se referência ao sacrifício de Cristo e o amor de Jeová pela humanidade (
apesar de tê-la destruído 3 vezes). É algo tão angélico que se torna distante de nossa humanidade imperfeita.

Entre EROS e ÁGAPE, os gregos perceberam que havia também um outro amor, até mais comum que ambos, e a ele deram o nome de
PHILIA. PHILIA não é o prazer egoísta, e não é o ápice do altruísmo, e sim a amizade.
É o bem querer, nascido da simpatia mútua e crescido na fidelidade da relação. Possui algo de altruísmo no bem querer, e algo de egoísta em querer reciprocidade.
É o tipo que exige dedicação de ambos, convívio, coisas em comum. Esse tipo de amor não se baseia apenas nas relações entre humanos, mas também a outros seres, animados ou não, abstratos ou não. Por exemplo, você pode amar o Totó, assim como um naturalista ama
Gaia.
Platão costumava dizer "O filósofo é aquele que ama a verdade", sendo esse tipo de amor, PHILIA.
Com a evolução da tecnologia, das obras literárias, a modernidade do acesso à tudo e todos, as coisas tenderiam a melhorar, mas não é bem assim. As relações têm se tornado algo cada vez mais frio, mas rápido. É mais fácil descobrir que ninguém é sua "alma gêmea". Já outros, vêem que os melhores relacionamentos são os platônicos, e acabam por destruir sua fé em uma puta hipocrisia criada para esconder seu medo de ser feliz, de acreditar em alguém "real". Mas isso fica para um próximo post. O importante, agora, são os
novos "tipos de amor" criados por toda essa modernidade: LUDUS, PRAGMA e MANIA.
LUDUS que, pra quem num sabe, vem das palavras gregas LUDI ("ludibriar") e o substantivo DUS (que significa "LENDÁRIO (A) FILHO (A) DUMA PUTA"). É a forma de "amar" que designa a relação vaidosa,
o jogo de conquistas, o "brincar com o sentimento dos (as) trouxas". Todos já foram vítimas, serão vítimas e, uma vez ou outra na vida, mesmo que "sem perceber", praticarão essa
filhadaputagem forma de amar com alguém. Claro que eu também já caí nessa! Mas
já devem ter percebido minha imparcialidade para com esse tema, usando apenas referências e nomes científicos.
Já o PRAGMA, é algo quase comercial, um investimento mesmo, priorizando o lado prático da coisa. O indivíduo
avalia pormenores para decidir, a curto ou longo prazo, se a relação vale a pena, quais as implicações, e é capaz até de criar uma lista de pré-requisitos para escolher a dedo quem "amar". Pondera muito antes de se comprometer e, se o namoro não tiver futuro, desiste. Frequentemente regado de perguntas como
"Se investir nesse namoro, como estarei daqui há 5 anos!?", o amante-pragma procura um bom pai/mãe para seus futuros filhos, conforto material, etc. Geralmente (essa parte é importante) um amor muito egoísta, priorizando apenas seu próprio bem, querendo sempre algo em troca (há exceções).
No MANIA a coisa é mais pesada. Pelo nome já dá para ter uma idéia. Esse tipo é algo mais obcessivo. Extremamente emocional, possessivo, não respira sem sentir o mínimo de correspondência de seu amado. Não, José, não confuuunda com
"AMOR PLATÔNICO". Neste, a pessoa põe o amado em um pedestal, algo inatingível. Sugiro tratamento psicológico urgente. No que se diz respeito a fenômenos fisiológicos, podemos relacionar o EROS à dopamina, e o MANIA à serotonina.
Com essa nada breve explicação, aposto que muitos já tenham se identificado com os "tipos de amor", e outros até percebido que tipo de amor usa com cada pessoa. Mas aí que vem a questão: o propósito desse post não é simplesmente questionar as formas de amar, e separá-las, mas sim questionar o porquê de nosso rico idioma definí-la apenas por uma palavra.
Não se ama apenas de uma forma cada pessoa. O amor é muito mais que isso. O amor não é algo que nasce, reproduz e morre. Não é um segmento de reta. O amor é cíclico. É algo que existe, e evolui, em qualquer tempo e espaço. Até mesmo Cristo, que entregou-se para salvar a humanidade, até ele disse
"Pai, afastas de mim esse cálice!", ao ver seu futuro sofrimento e o reconhecimento por parte dos homens e mulheres a quem amava. O amor não é algo mais bonito para um, ou mais forte em outro.
É como uma aliança: é união, é cumplicidade, é o
DOIS se transformar em UM, é algo perfeito e belo. Amor é tudo isso e, portanto, capaz de evoluir ao longo do tempo. Logo, se ama alguém, corre o risco de passar por qualquer ou todos os estágios citados. O importante é, no final, poder olhar para o lado e dizer:
"Valeu a pena, porque pude te amar, e amado ser por ti"
Então, parabéns a todos os namorados, e enamorados, e cúmplices, e maridos com suas esposas, aos noivos, e amigos, e às famílias, sim, parabéns a todos vocês que compartilham essa coisa gostosa com os outros. E então!? Agora alguém pode, por favor, me definir
o que é o amor?PS: parabéns especial ao
Leitché e Elisa que completaram, anteontem,
3 anos de namoro! Viva \o/