quarta-feira, 15 de setembro de 2010

ENEH 2010 (Parte I): O Beijo da Diferença e a Bênção da Ignorância




Meu próximo post iria ser sobre curiosidades históricas e como a mídia e a cultura popular fizeram os fatos ficarem um pouco distorcidos, mas me senti condicionado a escrever sobre a mais louca viagem que já fiz até então: o Encontro Nacional dos Estudantes de História de 2010, na cidade de Fortaleza, Ceará.

Como sei, E É FATO, de que as pessoas estão morrendo por stress, ansiedade e insegurança, já vou falar as respostas das perguntas mais pertinentes à viagem:

1) eu NÃO peguei ninguém;

2) eu NÃO trepei/transei/fiz amor/comi ninguém;

3) eu, SIM, fumei, bebi e viajei como jamais fiz antes, mas não extrapolei meus limites;

4) eu NÃO gostei da experiência, mas ela valeu à pena;

Valeu à pena, mesmo sendo ruim?! Como assim?!

As marolas do passado não fazem mais onda na minha vida... Já estava decididoa mudar minha vida, mas, depois deste evento, com mais de 1600 pessoas fazendo literalmente o que querem, eu de fato garanti que não vou viver mais assim. E fodas, larguei essas merdas mesmo, e tô muito mais aliviado e tranquílo, até ensaiar um Le Parkour fiz, até andei de skate!!

Mas, enfim, ao relato... Quando o busão chegou e todos entraram, e vi que não seria lá como aquelas "viagenzinhas fretadas" que já fiz pra Ouro Preto, Diamantina ou sei lá pra onde mais. A galera era totalmente desconhecida, mas todas as pessoas estavam sorridentes, simpáticas, totalmente à vontade para conversar com qualquer outra pessoa, e rindo e puxando conversa.Achei isso massa, e achei que teria uma semana muito foda pela frente!

Esta foi minha primeira fase, que durou até o dia seguinte da viagem: empolgação, ansiedade

em participar de tudo, maconha me fazendo rir constantemente, a pinga me fazendo piscar a cada minuto... Pensei que talvez fosse assim que os grandes velhos astros do rock faziam

suasturnês nos anos 60/70, cantando, dançando, fumando e agindo como se estivesse tudo bemem estar a 140 km/h numa lata de ferro empoeirada de xinxo e mé -e, vai por mim, NÃO É PORRA NENHUMA! E de fato, agora não me lembro bem dos trajetos, momentos e situações da viagem de ida. Culpa das noites do ENEH.

_Mas lembro do episódio "Jimi Hendrix e o Deserto", que foi massa!!!

Foi assim: a música era, essencialmente, o violão, pandero e garrafas de vidro tocando atrás, e a galera com aquela vozinha perfeita em tom de merda maior cantando; logo, alguém teve a brilhante idéia de colocar um mp3 no som.... no SEGUNDO dia de viagem, no sertão do norte

dePERNAMBUCO, tipo 7 horas de viagem de caminho! Maconheiro é foda....

Bom, colocaram o meu mp3, até porque, eles me viram escutando e fudeu meu lance...Mas foi bom! Ali, no sertão agreste do capeta, sem uma gota de água no busão, sem um sinal

de civilização a não ser o asfalto sob nós, paisagem seca e morta a perder de vista, e um negão

estourando na guitarra berrando "I have only one burning desire: lemme stand next to your

fire!!" foi marcante!_

O dia seguinte amanheceu nestes mesmos 140km/h, mas asobriedade me atingiu como um caminhão -na verdade, não me atingiu, mas ele passou a uns 30cm da minha cara na janela e eu assustei. Vi que era de manhã e que chegaríamos ao entardecer ou à noitinha na Universidade Estadual do Ceará, UECE. E umsentimento de pânico tomou conta dos meus pensamentos: "isso é uma bomba armada", pensei, ao virar para o lado e ver a mesma cena do dia anterior: drogas e rock 'n roll... e a porra da polícia por aí!

Não, nem havia polícia, mas na minha cabeça, a gente poderia ser preso a qualquer momento;

bastava ficar 2 segundos perto do busão pra sentir a maré, e ninguém lá dentro poderia serminimamente inocente aos olhos de qualquer sargento. PORÉM, eu bebi e fumei de novo e nem lembro quando chegamos à UECE, à tardinha. Só lembro de mim, de repente, com um cigarro na boca, tentando arrumar minha barraca e com aquela cara de bunda que só os que não sabem o que estão fazendo sabem fazer. Acabou que minha barraca estava arregaçada e fui dormir na

sala-dormitório com aquele sentimento de "porra-vão-me-roubar-até-as-cuecas-sujas".


No cair da noite, fomos para a inauguração do ENEH 2010, dentro da faculdade mesmo, num palquinho que tinha para shows, semelhante ao que há naquele prédio perto da FAFICH aqui da UFMG. Era a primeira noite de bebedeira, e já vi policiais perto ali fazendo vista grossa para os

estudantes maconheiros bêbados que estavam se aprumando por lá. Paranóias e loucuras

começaram a infestar meus pensamentos como pragas de insetos e eu nem faço idéia de como fui acordar no meu saco-de-dormir de manhã, com o Sol rachando na minha cara, berrando "acorda, seu arrombado, vai tomá banho SEM deixar o sabonete cair!!". Havia bebido demais...

Havia começado o ENEH 2010 Foraleza para mim, e eu já não estava me sentindo bem, pensando em alguém que deixei pra trás....

Daqui a três dias, posto a segunda parte: ENEH 2010 (Parte II): Babilônia em Chamas e o Sentimento do Mundo.

6 comentários:

Dri disse...

nossa Raph, me senti mal por vc lendo isso! rsrs...

Anna Paula Passini disse...

Eu sempre acho graças nas histórias de gente louca e tal, tenho um amigo que certo dia tava me contando que tava fumando maconha no show do Raimundos (sim, faz muito tempo) e lá tinha um cara falando pra ele apagar, mas ele tava tão louco que achou que o cara tava pedindo uma bola e na verdade o cara era um policial. HAUHAUHAUHAUHAHUHAUHAUHA
Ah, e pra mim o importante é ter história e se sentir bem.

Nyo disse...

Dorgas e álcool comendo soltas por ai, talvez o retrato da Juventude mundial.

Quando não são drogas ilícitas, são as drogas morais que nos contaminam...

Esperando pela parte 2 \o/

Vivi disse...

É as dorgas e o mezis negadis hehehe.
Acho valido qualquer tipo de experiência. Penso que todos em alguma fase da vida precisam passar por certas coisas até mesmo pra ter um norte e saber exatamente o que quer e o que não quer. Curti pra caramba o post e estou aguardando o segundo \o/

Klaus~! disse...

Viagem de psicodelia complexa e regada a muitas dorgas! Que venha a parte II, e que Deus abençoe tua volta, Champs!!

Laura Diniz disse...

liberdade demais também aprisiona