segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Divagações, fórmulas e cappuccino (parte 3)

O Um e seu Céu





... Não tão comum ao masoquismo sentimental, mas mais perceptível, está o físico. Este vem ganhando espaço, tornando-se, a cada geração, melhor aceito. Antes que prossiguemos até a conclusão, advirto-os novamente: não sou o juíz, tão pouco Deus. Não estou a julgar, mas apresentar perspectivas diferentes.

Começa desd'a infância, quando, em sua busca por conhecer-se, conhecer os limites de si, crianças tentam perfurar-se, competem pelo mais resistente, o menos choroso. No desenvolvimento, em detrimento às necessidades sociais, a pessoa ainda em crescimento se permite adoecer, machucar-se, desgastar-se enquanto executa funções laboriais, educacionais ou esportivas. Nesta última em especial, há a intensa sensação de prazer proporcionada pelo cansaço e desgaste físico. Já em maduro e sexualmente ativo, ocorre uma certeza maior desse prazer.

É no ato sexual em que percebemos o desabroxar dessa - ainda - peculiar característica. O ato em si já é doloroso para a mulher, ou para o homoafetivo, a princípio. Mas
o querer, o desejo de tornar-se um, de fundir-se com o parceiro é maior. Disso surgem desde unhas e dentes a agressões seriamente violentas. Em alguns casos, a morte. Alguns relatos descrevem o momento orgástico, quando em asfixia ou outra condição de quase-morte, como ainda mais prazeroso. Surgem daí alguns fetiches, os quais abordarei no próximo texto.

Não nego, aliás, que é gostoso levar umas dentadas e unhadas na hora do sexo. Isso faz de mim um masoquista? Daí chegamos na questão:
a partir de onde alguém passa a ser masoquista? Onde a dor deixa de ser dor para tornar-se prazer? Qual o limite entre dois extremos?

Pontos de vista! Cada qual com suas características, defeitos, anseios, limites e virtudes! Nunca o indivíduo em si fora tão valorizado antes. N'um contexto onde o planeta é habitado por bilhares de humanos, e tantos outros animais, é um fato surpreendente! Mas sendo a sociedade ditadora de tendências e padronizadora das mesmas, seria a valorização do indivíduo, a busca pelo "diferente" um reflexo ou uma nova padronização?

E se essa busca pelo diferente criar tantas culturas quanto pessoas? Seria então possível a extinção dos tradicionais rótulos, que nos acorrentavam às condições de um grupo específico, globalizando assim, de fato, todo o planeta. E se, sentindo-se culturalmente completo diante de suas escolhas, sem a necessidade da agregação aos seus semelhantes - visto que já não haverá mais nenhum - a quebra de padrões proporcionar um individualismo ainda maior que o já existente?

Seja qual desses caminhos a humanidade seguirá, espero de coração que sigam pelo único o qual ela, misteriosamente, tende a trilhar:
o do meio, do equilíbrio. Nem A, tampouco B. Mas, para isso, faz-se necessário BOM SENSO, uma vez que seus direitos terminam n'onde começam os do outro.


E aqui termina a sequência =D Respostas... quem sabe seja essa a eterna missão do ser humano? A busca por respostas, as mais diversas, todas. O conhecimento que separa homens dos Deuses. Entretanto, sozinho ninguém conseguirá nada. Peço então a ajuda de vocês, 'vão lá galera, digam o que pensam sobre o assunto! Limites, individualização, masoquismo, a dor no prazer de amar, Plural Filosoficamente Metafônico na área! E, no próximo post: FETICHES!




Música da Vez: Renato Russo e Zélia Duncan - Cathedral Song

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Divagações, fórmulas e cappuccino (parte 2)

"Ciranda!", disse o poeta



... É chegada então a hora na qual tudo se mescla. Quando, exatamente, é impossível definir. Talvez suas causas. Talvez a causa maior seja a abertura humana, a aceitação dos diversos pontos de vista - sendo, essa suposição, um mero ponto de vista. O certo é que a questão do limite metamorfozeou-se, de "divisor de águas", para uma sopa propriamente dita, misturados ali os opostos. Um tentativa de equilíbrio? Mas ainda fica aquela pergunta na cabeça do leitor, desde o início do texto anterior: "Tá... e daí? Que 'cê quer com isso, filho?" "Anseio por respostas", é o que devolvo! E como argumento apresento-lhes a questão: até onde um algo qualquer permanesse em sua essência, até onde o Dia é Dia? Onde é o limite, hoje, para o Dia? Entendamos melhor com o seguinte exemplo:

"Dor: s.f. Sofrimento físico ou moral; aflição; mágoa; dó (Dicionário Online Aurélio)"
Todo ser vivente está sujeito a ela. Diretamente ligada à sensibilidade, impacta em vários aspectos: físicos, morais e até sentimentais. Sim, pois quem nunca sofreu por um amor, que passe a amar mais! Inclusive, sentimento comumente representado em tatuagens por um kanji, onde lê-se (em português) "Amor", e em japonês "Ai", ironicamente onomatopéia de dor. Compartilho ainda um poema d'um dos mestres, o qual fez muita diferença para mim, e insere-se no que tange a oposição/união do Amor à Dor:






Porque
(Carlos Drummond de Andrade)

Amor meu, minhas penas, meu delírio,
Aonde quer que vás, irá contigo
Meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma,
Sabendo embora ser perdido intento
O de cingir-te forte de tal modo
Que, desde então se misturando as partes,
Resultaria o mais perfeito andrógino
Nunca citado em lendas e cimélios.
Amor meu, punhal meu, fera miragem
Consubstanciada em vulto feminino,
Por que não me libertas do teu jugo?
Por que não me convertes em rochedo?
Por que não me eliminas do sistema
Dos humanos prostrados, miseráveis?
Por que preferes doer-me como chaga
E fazer, dessa chaga, meu prazer?





Indiscutível é a necessidade do amor entre seres, entre energias. Não há, porém, relacionamento que estagne, permaneça imaculado através dos tempos. Animais são voláteis. Dois caminhos então se apresentam: a evolução ou o desfecho. Já tratado no texto de Dia dos Namorados o ciclo do amor, concentremo-nos então no desfecho. A dor da perda n'um, o peso na consciência d'outro, parecem fatores magnéticos, somam-se sem protocolo algum. O resultado é a sensação de borboletas lutando no estômago, nós amargos na garganta... mas é algo que não muda. De indivíduo a indivíduo, seja lá sua particularidade, sempre passou, passa ou passará pela mesma situação.

No desespero para reatar, feridas são abertas, a ponto de rasgar-lhe o corpo. E mesmo que o "NÃO" ecoe por sua mente, mesmo que o leia em todo lugar, ainda sem esperanças, agarra-se ao prazer de sofrer. Litros de sorvete, Djavan e Marisa Monte, e outras armas suicidas mais apelativas, como aquele DVD que deu a seus pais de natal, o filme Ghost - Do Outro Lado da Vida (1990) viram rotinas. Rotina masoquista, lágrimas de sangue a pagam, sem sinal porém de resultados. Seu sofrimento não atinge o outro. Podes, inclusive, nem querer atingí-lo. Apenas é de seu prazer sofrer por alguém, sentir que ama alguém. Atípico? Disse o poeta, "por que preferes doer-me como chaga e fazer, dessa chaga, meu prazer?" E dito feito, percebe-se então: você sofre, sofreu, ou sofrerá, mas de muito bom grado!

Nesta, apesar de ainda não totalmente "prazerosa", a dor coloca-se como necessária à pessoa para sua auto-afirmação como ser vivente, de sentimentos. Mas tratando-se do físico, onde estará esse conceito, barreira, limite?...








Música da Vez: Maurício Manieri - Eu Bem Que Te Avisei

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Divagações, fórmulas e cappuccino (parte 1)

"Divagações, fórmulas e capuccino" é um dos textos que há muito venho montando, e que quero compartilhar com vocês. Não, não são afirmações, e agradeço a ajuda de vocês na elaboração de respostas. Já prevendo os tantos "aaaaaai que texto graaaande!", dividi-o em 3 partes. Sem mais delongas, a primeira delas:





Pretérito imperfeito, até onde o conhecia




Venho reparado diferenças gritantes na sociedade como um todo. A questão do limite me é mais peculiar, no momento: sim, pois se estabilidade é tudo o que o ser humano busca, é a amplitude desarmônica que o caracteriza de forma mais marcante.

Vejam bem: um único indivíduo não sobrevive por si, pois sequer uma ilha deixa de ser um conjunto de fatores distintos, portanto partindo para a pluralidade. Sendo dois, e estando nas mesmas condições, os indivíduos competirão entre si pelos recursos. Dessa forma,
podemos reduzir a divisibilidade das massas em dois únicos pólos, o A e o B - e entenda que não consideremos aqui quem está certo ou errado. Enquanto dois, a disputa torna-se, óbvio, de extrema. Com o surgimento de um (possivelmente um pacificador) ou mais indivíduos nesse contexto, os extremos distanciam-se cada vez mais, pelo bem comum, pela flexibilidade e sensibilidade da sociedade.

Passados séculos, talvez milênios, com o desenvolvimento e compreensão dessas mesmas sociedades em seus (gradativamente) mais minunciosos âmbitos, movimentos históricos de cunho revolucionário - seja religioso, econômico ou comunitário - trazem novamente à tona a questão do limite, do extremismo.
Extremismo esse já posto em evidência como principal consequência (ou causa, causa-consequência, talvez), e explícito nas maiores desgraças documentadas pela história.

Ainda no que diz respeito à sociedade e o extremismo, observa-se o quanto esse último interfere no primeiro, criando padrões. E esses padrões são vistos como o bem comum, ainda que manipulados por uma elite. Não tanto pelo bem-estar, mas apenas para generalizar, distinguir, determinar a que extremo pertence cada indivíduo. Dessa forma, um ser de uma grande sociedade passa a compor um grupo menor, onde todos estão padronizados de forma a permitirem esse rótulo. E assim, vermelhos se contrapoem a azuis e vice-versa.

Então, até dado momento, a frequência do limite se dava dessa forma: os extremos permaneciam fracos, distanciados por extremos de menor impacto (ou grupos menores, se preferir, pacificadores); ou estavam lado a lado, se degladiando pela posição superior. Eram esses os modelos sociais que admitiam padrões, generalizações, rótulos. Permitiam, portanto, a agregação da pessoa a um grupo a qual se identifique - como a instituição familiar, por exemplo. Até dado momento...




Música da vez: Skank - A Balada do Amor Inabalável

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Agradecimento e Despedida

Queria te agradecer
Por tudo que você foi pra mim
Por tudo que você representou pra mim
Por todos os momentos que você esteve ao meu lado
Por todas as tardes ensolaradas que passamos juntos
E todas as noites frias também
Por todos os momentos em que eu estive triste, e você me mostrou que eu tinha motivos pra sorrir
Sinto por todas as vezes que pedi de você mais do que você podia me dar
Esperando que você me suprisse necessidades impossíveis
E desgastando você sem perceber
Queria te dizer
Que mesmo desta forma, você sempre estará na minha mente
Queria te dizer, uma última vez, que você sempre será a primeira na minha vida

Por isso, fica aqui minha despedida...

ADEUS, MINHA MÁQUINA DE ESCREVER !

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Absurdos da Contemporaneidade Parte I - Sexo e Internet

É difícil começar a escrever sobre um tema tão... cheio de facetas. Mas vamos começar do começo mais aparente: a geração tudo-conectado-ao-mesmo-tempo-e-agora.

O fenômeno da globalização condiciona TUDO o que você faz ao domínio público direta ou indiretamente; determina que TUDO o que você consome tem, no mínimo, umas 10 origens diferentes; que cultura é igual à NADA e, antes de qualquer outra coisa, deixa bem claro que: pra quem tem tecnologia, OS LIMITES SÃO DESNECESSÁRIOS. É um ciclo fechado -rs-. Quanto mais poder aquisitivo ( de pessoas, comunidades, estados, países ), MAIS poder e tranquilidade pra gastar os recursos naturais - renováveis ou não -, culturais, sociais e por aí vai. A curto prazo, né, Cláudia? Mas como a sustentabilidade não é o tema desse post, andiamo.

Nesse ritmo de CONEXÃO, LIGAÇÃO worldwide, a contemporaneidade fomentou a exploração de uma ferramenta muito interessante: A INTERNET e seus subprodutos

Não é novidade pra ninguém que as pessoas tem uma NECESSIDADE - quase vital- de alimentarem seus egos, satisfazerem suas carências e amaciarem suas inseguranças. Nesse cenário, inclua ADOLESCENTES, RELIGIOSOS, PESSOAS TRAÍDAS e GENTE COMPLETAMENTE LOUCA. Tudo bem, eu sei que ainda não foi nada de muito impactante, gente assim sempre existiu. Mas com o palco montado, o roteiro LIMÍTROFE escrito e esses personagens tão peculiares, a internet forneceu o toque que faltava pra essa peça entrar em cena: DIVULGAÇÃO e PLATÉIA.

Não vou comentar que só podia sair merda disso, pois vocês merecem ser poupados da redundância após o último parágrafo auto-descritivo.

ENFIM, recentemente veio a explosão da internet e a maldita inclusão digital. Era tudo o que as pessoas precisavam pra ser ainda mais estúpidas, incosequentes, massa de manobra e IMBECIS do que sempre foram. A internet pode ocupar várias horas do seu dia ( da sua noite, da sua madrugada... ) mas tudo bem, se você trabalha na internet ou precisa dela de alguma forma para trabalhar. ( Entende-se trabalho por algo ÚTIL ou meritório, não estando inclusas as profissões: modelo, atriz pornô, blogueiro de fofoca e afins ).

ENTREMENTES, a internet ocupa o dia da MAIORIA das pessoas com ócio improdutivo. Aliás... improdutivo relativamente, porque podem sair MUITOS produtos de gente IMBECIL e ociosa com a internet toda pela frente.

Depois de muito blablabla e divagação, estamos chegando ao PONTO MÉDIO dessa reta. - Depois, subtraiam o fim desse post pelo início e chegarão aqui.-

Esse tema é tão REVOLTANTE e me deixa tão PUTA DA CARA que fica até difícil evitar a prolixidade, porque eu quero cobrir todas as bases... e uma delas é a febre do "SOU ATRAENTE, VEJA MINHAS FOTOS". Particularmente, eu não vejo nenhum problema em exibições de caráter artístico, pessoal, profissional, etc etc. Mas PORRA, foto de calcinha no Orkut? PORRA, foto da sua bunda com uma legenda do tipo :" Olha o meu short, que liiindo!"?? E com o preço das câmeras digitais despencando, a NOÇÃO das pessoas desapareceu junto. Não existe mais inocência, aproximação inofensiva. Descoberta de coisas em comum? Só pelas comunidades. Entender a cabeça do outro? Seguindo no twitter.

Hoje em dia não existe mais gente interessante na internet; existem menininhas de 13 anos com FOGO NO rabo ESPÍRITO querendo mostrar o útero na webcam. Mas... depois delas, vem o SUBPRODUTO dessas menininhas, o que, se for possível, é ainda pior: os PUNHETEIROS DE MERDA. Porque atualmente não vale à pena querer ser uma pessoa e não uma ameba. Atualmente, os caras perdem HORAS do dia em sites de filmes pornô suspeitos, em salas de bate-papo estilo "Campinas - 15 a 20 anos" atrás de uma ninfetinha que queira mostrar os peitos pra eles. E, claro, punhetando. 1, 2, 3, 4,...,15 vezes por dia. Porque afinal de contas, hoje em dia NÃO VALE A PENA conhecer uma pessoa bacana e passar seus momentos de lascívia com ela. NÃO É SUFICIENTE fazer sexo com uma pessoa- que você goste ou não -. Eu vejo isso - essas "classes" VERGONHOSAS de pessoas - como o preço que a sociedade paga pela própria enrustição milenar. É a própria hipocrisia que leva a esse tipo de situação que nós temos hoje.

Gente MORALISTA, FANÁTICA, CEGA, ALIENADA, BURRA, PRECONCEITUOSA, PREPOTENTE, etc etc etc etc etc EEEEEEEE: enrustida.

Do meu ponto de vista, o cara que tá lá discursando contra o casamento gay PORQUE É UMA ABERRAÇÃO é o mesmííííssimo que vai entrar daqui a pouco no chat de sexo da cidade dele. E dar preferência a nicks do tipo "novinha16"; "safadinha na cam" ou similares.

Eu não tenho NADA³ contra uma vida sexual ativa e saudável, pelo contrário. Acho até que se eu mesma não tivesse uma, soltaria raios... pelos olhos. Hehe. A questão é a quantidade de pessoas que NÃO TEM LIMITES pras loucuras delas. Aliás, pra EXIBIÇÃO dessas loucuras, afinal, se você tem a tecnologia...

Pra resumir a questão do "nunca é suficiente pro meu desejo sexual", eu só digo: FALTA DE ROUPA PRA LAVAR e, principalmente, de VERGONHA NA CARA. Homens e mulheres. Ou homens e mulheres. E tenho dito.


Esse foi o 1º post da Série Paradoxo, e pra quem achou muito EXAGERADO, a ideia é essa, mesmo. As pessoas chegaram a um nível de ESTUPIDEZ em que é inadmissível não fazer nada, e se pra fazer a diferença a solução é DESCASCAR, eu sou a pessoa CERTA pra fazer isso. 

Sem mais, fiquem no aguardo pra mais um post sem meias palavras nem meias medidas, COMENTEM, deem a sua opinião sobre esse assunto ou sugira um novo absurdo que você gostaria de me ver DESCER O PAU nas próximas edições. E se gostou, gostou. Se não gostou, que engula e vá a merda.

Alborghetti, sentimos sua falta.


Música da vez: Concerto para piano nº9 - Bach ( tocado umas 7 vezes )



 


terça-feira, 16 de novembro de 2010

Confissões de um Bêbado

Encosto no ponto. "Agora só falta o ôns não passar" - penso, solitário na noite. Nenhuma alma viva na rua, o local perfeito pra ser assaltado, estuprado, sequestrado,ou morto a tiros sem motivo aparente. O tempo é meu inimigo, e pra não ver o tempo passar, uso meu fone de ouvidos e as musicas do meu celular pra me acompanhar.
Conto os minutos pro onibus vir, passam dois juntos, nenhum deles servem pra mim, continuo a esperar, apenas observando o movimento de pessoas suspeitas, quando:
- "Ei carra, tem un cigarrrro ai ?!"

Ouço alguém falar às minhas costas.
- "Não, não fumo..." Respondo ríspidamente, mas antes que pudesse esboçar uma reação, ele diz:
- E nem uma Ajudinha ai não ?
- Só se for Psicológica !
- Tá... então, eu tô com uns problemas... tudo começou quando...
Ódio, ódio, ÓDIO !! "Mas será possivel ??! Como alguém começa a contar os problemas pra qualquer um na rua ?!". Pensava eu, enquanto isso o bêbado continuava falando.

- ... E eu encontrei ela, ela foi a primeira mulher da minha vida, e nósss nos beijamos no mesmo dia, tudo ia muiiiito bem, até começamos a narrrmorar, mas... mas...

Os olhos do bêbado ficaram marejados, eu já tinha visto aquela cena antes, ia ser foda aguentar mais alguns minutos. Tentei jogar uma desculpa, mas não sabia o que era pior, largar um bêbado apaixonado no centro da cidade enquanto ele tenta desabafar, ou ouvir o desabafo do bêbado... escolhi a segunda opção.

- ... e ela era uma maravilha, ela até fazia um negócio com o dedo em mim...
- OPA !! Tá entrando em detalhes demais cara...
- dixculpa seu doutor, mas eu tenho que explicar o porque disso tudo, e nós faziamos tuuudo, era ótimo, ela era ótima, e ela fazia biscoitos pra mim, e ia me visssitar no trabalho. Até que um dia...
- Um dia ?!

O Bêbado dormiu... mas não dormiu de qualquer jeito não, o cara dormiu em pé, na minha frente ! A chance de fugir estava ali, contornei o bêbado bem devagarinho e pensei "Amanhã não passarei de um devaneio de um bêbado muito louco.". Contornei o bêbado e apertei o passo, mas Deus não vai muito com a minha cara, ou ele gosta de me sacanear, foi só eu virar as costas pro bêbado, ele acorda, dependura em meu ombro e começa a chorar:

- Puque ela fez isso ?!! Eu peguei ela com dooooooois, DOOOOOOOOOOOOOOOIS na minha cama !! Puqueeee, puuuuuuuuuuuurqueeeeeeeee !!!
- AH!! ME LARGA PORRA !!
- Dotô, me exprica purquê !? Aquela vagabunda me largou pra ficar com dois dotô... dois !!
- Err... bem cara... nem sei o quê dizer...
- Eu vou é voltar pra casa e matar a vagabunda...
- Matar a vagabunda ?!
- É, vou matar aquela vagabunda, ela vai aprender que nenhuma vagabunda me trai e fica por isso mesmo !!!
- Bem... acho isso errado, mas na atual condição que você se encontra, faça o que te der vontade...

Foi quando eu vi, a coisa mais linda do mundo estava vindo na minha direção, o ônibus parado no sinal à alguns metros de distância - Mal pude me conter - enquanto isso o bêbado fazia juras de maldição a mulher que lhe havia corneado com dois "fernandões" de uma vez.
- Cara... meu ônibus tá vindo, tenho que ir...
"- Dotô, muiito 'brigado, foi óthimo falar c'ocê" Disse um bêbado um pouco mais feliz, que começou a atravessar a rua enquanto me agradecia. Nunca me esquecerei da última frase da nossa conversa:

- CARALEO MANO, SAI DAÍ !! OLHA O ÔNIBUS !!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Manual de Sobrevivência ( aos vestibulandos e afins)


Caros leitores, amigos, curiosos, desocupados e outras classes do gênero; é com grande prazer que renasço das cinzas da FALTA DE criatividade TEMPO e venho brindá-los com algumas linhas de reflexão e ironia, alguns ecos do que é o DESESPERO pré-prova do ponto de vista gosadinho rsrs da questão.

Como não é novidade pra ninguém, o ENEM ( Exame Nacional do Ensino Médio ) falhou novamente; o que é uma verdadeira VERGONHA para o país, uma vez que o mesmo foi instituído como determinante para várias instituições, algumas federais. Também não é de surpreender que os candidatos estejam PUTOS DA CARA por todas as horas, dias, semanas, meses de agonia e preparação para mais uma decepção. Sem contar a expectativa pré prova e o carater INDEFINIDO que os resultados assumiram  A ESSA ALTURA DO CAMPEONATO. Eu não fiz ENEM, mas como também estou me preparando para um teste que VAI ARRANCAR O MEU CÉREBRO FORA, queimar as minhas sinapses e me fazer ficar rica, sei bem como deve ter sido isso!, e vim desenvolver um manual de sobrevivência À PROVA DE QUALQUER PROVA.

E vamos aos tópicos!

Regra nº 1  -   Alimente-se

Parece uma coisa meio óbvia e sem sentido, mas as vésperas de uma prova ( lembrando que para cada pessoa "a véspera" tem um significado diferente; pra mim, por exemplo, eu estou em véspera de prova há um ano. ) podem trazer perturbações PSICOLÓGICAS, emocionais, hormonais e ALIMENTARES. É um pouco... peculiar, mas os vestibulandos parecem ESTRANHAMENTE inclinados a comida pronta, enlatada ou NÃO COMESTÍVEL, vide pedaços de lápis e borracha e folhas de livros. Há aqueles casos extremos em que o candidato prefere não comer, desmaiando em várias ocasiões.


Regra nº 2  -  NÃO ESCREVA COLAS EM GRÃOS DE ARROZ

Como todos sabem, a SEGURANÇA das provas está 101% mais rígida esse ano, não sendo permitidos APONTADOR, BORRACHA, LÁPIS, CORRETIVOS OU CANETAS DE CAIXA OPACA, bem como COLAS ( o polímero, não AS RESPOSTAS DA PROVA), RÉGUAS, COMPASSOS, etc e todo o resto do material escolar, além de caneta preta transparente.

Então, uma vez estando claro que ESSES são pontos importantes - ao invés da CONFECÇÃO correta das provas ou cadernos de respostas- NÃO SE ARRISQUE levando grãos de arroz com o gabarito que um médium previu escrito nos mesmos.

NÃO VALE A PENA.


Regra nº3  -  Não leia notícias sobre vestibulares     

Esse é um dos pontos mais vitais, envolvendo também os seguintes subtópicos:

-Não converse com quem prestou vestibular ( principalmente com quem NÃO PASSOU);

-Não estabeleça contato com os PROFESSORES da instituição;

-Não peça a opinião da sua mãe sobre as questões de provas anteriores.

Uma vez que você obedece à essas regras SIMPLES, fica muito mais fácil receber a prova de braços abertos. Se você tem o seu PÂNICO controlado, e absolutamente não possui nenhuma recordação de ALERTAS ATERRORIZANTES de ex-vestibulandos, notícias de como as provas são SUBVERSIVAS ou avisos da sua mãe em mente, as questões parecem bem menos assustadoras. E aí QUEM SABE você passe; mas não estou insinuando nada.


Regra nº 4  -  ESQUEÇA um pouco as provas!

Essa é uma dica muito popular entres os psicopedagogos de plantão. 

Quer uma maneira mais EFICAZ de não entrar em pânico com as provas do que ESQUECENDO que elas existem? Sim, é perfeitamente possível.

A tática em voga é, após passar umas 6 HORAS estudando direto, deite-se na sua cama ou embaixo do chuveiro ( deite-se embaixo do chuveiro... wait.... What?!), pense no(a) seu(a) namorado(a) ou outra coisa feliz - no caso do seu companheiro não prover lembranças reconfortantes- e RETIRE COMPLETAMENTE a prova dos seus pensamentos. Bem fácil e bem útil, uma vez que você dificilmente vai conseguir fazer isso e só perdeu MEIA HORA EM QUE PODERIA ESTAR ESTUDANDO O BINÕMIO DE NEWTON.

Mas é uma dica muito boa.


No mais, há outras dicas gerais, como:

-Não entre em pânico;

-Não tenha ataques de histeria, ou vai acabar fazendo a prova em uma CAMISA BRANCA muito fofa!;

-Não passe todo o seu tempo de descanso imaginando que poderia estar estudando alguma coisa;

-Não imagine os seus concorrentes REAIS, imagine TREINEIROS, BURROS e gente que vai fazer a prova obrigada e não vai tentar passar. ESSA funciona.

Também não esqueça dos seus grandes companheiros: o café, as cápsulas de pó de guaraná e o seu computador; acompanhantes de todas as noites em claro que você passou e vai passar estudando e delirando com o vestibular.


E ABSOLUTAMENTE não chegue ao ponto de imaginar que você não vai passar.

Essa conduta INADEQUADA pode levar à alucinações como:

Ser ridicularizado por toda a sociedade, uma vez que TODO MUNDO sabe que você não passou; ser DEGOLADO pelos seus pais por mais um ano de vagabundagem em casa ou ainda ser mandando para um ZOOLÓGICO e acomodado em uma jaula com a inscrição: VESTIBULANDO DESESPERADO QUE NÃO PASSOU.

Mas é claro que eu não quero dizer que isso vai acontecer!

Então, mantenham as dicas em mente - junto com todas as matérias que você precisa estudar- e BOAS PROVAS!